quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ARTE (QUASE) INVISÍVEL

Indiferença ou curiosidade, independente do sentimento, artistas de rua lutam por reconhecimento dos brasilienses nos lugares mais inusitados.

Foto por Martha Cavalcante - Alex Cunha recitando poemas no metrô de Brasília



Talvez dirigindo ou andando pela cidade, em algum lugar, você já se deparou com malabaristas, engolidores de fogo ou artesãos. A pergunta é: você reparou ou ignorou? Todos os dias centenas de artistas de rua tentam apresentar sua arte nos lugares mais incomuns da capital Federal, entretanto, poucos são percebidos.
Andando pela rodoviária do Plano Piloto, você pode encontrar pessoas como Edilson Andrade, artesão piauiense radicado há cinco anos em Brasília. Edilson produz artesanato com materiais recicláveis, e devido à dificuldade e a falta de apoio, mora hoje em uma unidade de acolhimento de uma instituição religiosa.
“O povo brasiliense não vê e não reconhecem o trabalho do artista, passam como se o artista fosse invisível e mesmo quem tem como ajudar não para”, afirmou Edílson. Ele não é uma exceção, mais parece ser uma regra. Leia aqui a entrevista completa.
Estes são os artistas que dependem da arte para sobreviver e nos lembram todos os dias que arte existe. Não é tão simples estar nas ruas como parece. Os artistas independentes precisam de apoio financeiro ou até mesmo apenas de um reconhecimento de seu trabalho.
Nem todos têm a sorte que Fernando Carpaneda teve. Nos anos 80, aos 13 anos, em Taguatinga, criando exposições subversivas e expondo-as em bares e ruas da cidade, sendo reconhecido por seu trabalho e levando suas exposições a vários outros países do mundo.

Projeto Poesia no Trem

Formado em Turismo, Alex Cunha, 39, ao assistir um sarau e  incomodar as pessoas ali presentes com a fumaça de seu cigarro, resolveu recitar um poema sobre o desconforto.  Assim, ele começou a desenvolver sua sensibilidade artística. Há menos de 3 anos, Alex veio para Brasília e criou o projeto “Poesia No Trem”, onde recita poemas nos vagões do metrô, ao longo do dia. O poeta assume com bom humor: “Não existe poesia sem boemia, a poesia marginal é algo pouco conhecido pelas pessoas”.
Alex recita e entrega folhetos com seus poemas aos usuários do metrô, como este escrito em 2004 após o incêndio de barracos de uma comunidade de papeleiros. Segundo ele, é alusão a ocupação da então área de especulação imobiliária no Parque Oeste Industrial em Goiânia.



Texto : Ricardo Vaz 
Entrevista: Daliane Medeiros
Revisão: Debora Castro