Indiferença ou
curiosidade, independente do sentimento, artistas de rua lutam por
reconhecimento dos brasilienses nos lugares mais inusitados.
Foto por Martha Cavalcante - Alex Cunha recitando
poemas no metrô de Brasília
Talvez dirigindo ou andando pela
cidade, em algum lugar, você já se deparou com malabaristas, engolidores de
fogo ou artesãos. A pergunta é: você reparou ou ignorou? Todos os dias centenas
de artistas de rua tentam apresentar sua arte nos lugares mais incomuns da
capital Federal, entretanto, poucos são percebidos.
Andando pela rodoviária do Plano
Piloto, você pode encontrar pessoas
como Edilson Andrade, artesão piauiense radicado há cinco anos
em Brasília. Edilson produz artesanato com materiais recicláveis, e devido
à dificuldade e a falta de apoio, mora hoje em uma unidade de acolhimento de
uma instituição religiosa.
“O povo brasiliense não vê e não
reconhecem o trabalho do artista, passam como se o artista fosse invisível e
mesmo quem tem como ajudar não para”, afirmou Edílson. Ele não é uma exceção,
mais parece ser uma regra. Leia aqui a entrevista completa.
Estes são os artistas que
dependem da arte para sobreviver e nos lembram todos os dias que arte existe.
Não é tão simples estar nas ruas como parece. Os artistas independentes
precisam de apoio financeiro ou até mesmo apenas de um reconhecimento de seu
trabalho.
Nem todos têm a sorte que
Fernando Carpaneda teve. Nos anos 80, aos 13 anos, em Taguatinga, criando
exposições subversivas e expondo-as em bares e ruas da cidade, sendo
reconhecido por seu trabalho e levando suas exposições a vários outros países
do mundo.
Projeto Poesia no Trem
Formado em Turismo, Alex Cunha,
39, ao assistir um sarau e incomodar as pessoas ali presentes com a
fumaça de seu cigarro, resolveu recitar um poema sobre o desconforto.
Assim, ele começou a desenvolver sua sensibilidade artística. Há menos de 3
anos, Alex veio para Brasília e criou o projeto “Poesia No Trem”, onde
recita poemas nos vagões do metrô, ao longo do dia. O poeta assume com bom
humor: “Não existe poesia sem boemia, a poesia marginal é algo pouco conhecido
pelas pessoas”.
Alex recita e entrega folhetos com seus poemas
aos usuários do metrô, como este escrito em 2004 após o incêndio de barracos de
uma comunidade de papeleiros. Segundo ele, é alusão a ocupação da então área de
especulação imobiliária no Parque Oeste Industrial em Goiânia. |
Texto : Ricardo Vaz
Entrevista: Daliane Medeiros
Revisão: Debora Castro
Entrevista: Daliane Medeiros
Revisão: Debora Castro