Foto: Roberval Eduão |
Quaresma é um período
litúrgico da igreja Católica, que vai da quarta-feira de cinzas até
o domingo de Páscoa, com o simbolismo da reflexão, penitência,
luto, conversão espiritual e caridade. Para os religiosos, é tempo
de perdão e reconciliação fraterna. Por florescer com cores mais
intensas nessa mesma época, existe uma árvore símbolo conhecido
como Quaresmeira.
Natural da mata
atlântica, a Tibouchina Granulosa, ou simplesmente Quaresmeira,
fixou suas raízes no planalto central, aderindo ao cerrado e
compondo o colorido da cidade sem esquinas. Na madrugada desse último
domingo o verão deu lugar ao outono, e agora as flores começam a
cair. A Quaresmeira continua lá, florescendo dos tons de branco,
passando pelo rosa até o roxo, cor simbólica da época religiosa.
A árvore, sem raízes
agressivas, tem estimativa de vida semelhante ao do ser humano; pode
viver de 60 a 70 anos. Na cidade, devido ao estresse, ela chegaria
apenas aos 50. Não se sabe há quanto tempo as plantas que enfeitas
as tesourinhas das Asas Sul e Norte estão lá, mas a função de
levar embora o estresse de quem as observa com atenção é
incalculável.
Segundo a Apremavi
(Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida), existe
uma versão do surgimento da árvore, contada pelos índios. No Rio
de Janeiro, em meados de 1566, os tamoios e os portugueses travaram
luta pela território da ilha de Paquetá. Sabendo que perderiam para
os colonizadores, os três chefes da tribo invocaram seus ancestrais,
pedindo que houvesse uma interseção no lugar, lembrando que eles
sempre seriam donos da ilha. Após as batalhas, nasceram naquela
região três árvores de cores semelhantes aos que os caciques
usavam em seus colares: o Ipê amarelo, as Paineiras rosas e as
Quaresmeiras roxas.
Brasília não é só a
capital dos Ipês – floridos, como diria aquela saudosa canção de
Milionário e José Rico – é também a cidade com uma grande
variedade de plantas que florescem o ano todo, assim como as árvores
frutíferas que abraçam as grandes vias urbanas. Sombras, cheiros,
cores enfeitam a grande metrópole idealizada por Juscelino
Kubitschek e vivida pelo brasiliense.
Ricardo Vaz
ricardovaz.jornalista@gmail.com