Claramente podemos destacar o uso do rádio nos três tipos de
governos. A única diferença é que os governos alemão e Brasileiro usavam o
rádio para disseminar os seus ideais como forma de censura e opressão. Enquanto
o Argentino usava a influencia do rádio para pressionar o governo autoritário
em prol de Juan Perón. Ainda falando sobre os governos não podemos deixar de
falar que todos usaram a mesma tática, o
carisma.
No
governo de Getúlio Vargas em 1930, seu nacionalismo e populismo
ajudou-o a disseminar suas ideias ditatoriais. Liderou a revolução daquele
mesmo ano que tirou do poder o atual presidente Whashigton Luís. De uma forma
centralizada e controladora, Getúlio usou os meios de comunicação,
especificamente o rádio, para então aumentar ainda mais seu alcance sobre a
vida das pessoas. O DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda) controlava
tudo o que era divulgado contra seu governo e até mesmo barrava influências
vindas do exterior. Uma manipulação em massa que dizia exatamente o que poderia
entrar no país. Getúlio percebeu que o Rádio era um ótimo instrumento que
poderia utilizar para continuar impondo suas ideias e cria A Hora do Brasil ou A Voz do Brasil,
programa exclusivamente do governo. Da mesma forma que entrou, foi retirado do
poder após um golpe militar e só voltaria através de eleições democráticas
cinco anos mais tarde.
Em 1933, Adolf
Hitler, outro líder carismático, controlou os alemães e instruiu seus
ideais quase exatamente como Getúlio Vargas aqui no Brasil. A diferença é que o
regime nazista foi mais severo trazendo inúmeras consequências que até hoje são
difíceis de ser esquecidas. Com o auxílio do Ministro de Propaganda, Josef
Goebbels, o governo criou sua própria câmara de radiofusão que abrangia as
emissoras de rádio, as associações de ouvintes, o comércio de transistores, a
sociedade de radiodifusão e o Ministério da Propaganda. Também como no governo
brasileiro, essa estratégia visava controlar tudo que era veiculado, impedindo
que os alemães ouvissem programas estrangeiros e disseminando ideias como a
superioridade da "raça ariana", a necessidade de um espaço vital e
antissemitismo (a exterminação dos Judeus).
Juan Perón inicia sua vida política também após participar de um golpe
militar contra o presidente da Argentina Hipólito Yrigoyen, em 1930. Em 1945,
depois de ingressar na vida militar, Perón participa de outro golpe militar,
agora contra o presidente Ramon Castillo. Juan participou do Departamento do
trabalho e bem-estar social, atraindo assim confiança pela classe trabalhadora,
sindical e daqueles mais humildes. Porém Juan não contava que naquele mesmo ano
iria preso após sofrer um golpe civil e militar. A semelhança entre este e os
outros casos é que Perón assumiu um carisma quase que unanime da população
argentina. Getúlio e Perón, por exemplo, um ditador civil e outro militar,
dominaram por anos os maiores países da América do sul, consagrados estadistas.
Os dois foram grandes reformadores sociais, lutando pela classe sindical e
operária. Porém Juan teve uma intercessora, Eva
Duarte, ou mais conhecida como “Evita”. Evita que já era atriz do teatro e
do rádio, usou toda sua influência e somou ao carisma de seu companheiro Juan
Perón, convocando todos os trabalhadores, operários, famílias para que fossem
às ruas. Evita liderou o maior movimento popular daquele ano. Então, em
Dezesete de Outubro, o governo da argentina não aguentou a pressão e cedeu,
soltando Juan Perón. Naquela mesma noite, em frente a mais de trezentas mil
pessoas, Juan fez seu discurso de agradecimento, prometendo levar o povo a
vitoria presidencial, que era transmitido pelo rádio para todo o país. No ano
seguinte Juan se elegeu presidente da Argentina e se casou com Evita.
O uso do rádio nessa época, permitiu uma disseminação de
ideais pelos principais lideres, tornando-os cada vez mais populares. O Rádio
participou da história de grade parte da humanidade, não só como o próprio
invento, mais como um eficaz instrumento que poderia atingir um público em
larga escala. Nem sempre essa influência era positiva, mas não deixava de ser
carismática.
Ricardo Vaz