PERFIL: Antes gostaria de
deixar livre para que se apresente e fale um pouco sobre sua vida antes de ser
DJ.
Olá Ricardo e leitores do Página Em Branco.
Me chamo Mayana Henrique e sou conhecida artisticamente como DJ Maya. Além de
DJ, sou Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Uniceub, Licenciada em Letras
Inglês e Bacharel em Letras Português pela UnB. Atualmente sou servidora
pública, DJ e concurseira. A vida é corrida, mas vale a pena fazer o que se
ama.
P&B: Quando você decidiu ser
DJ? O que te levou a escolher esse caminho?
Maya:
Sempre fui viciada em música,
colecionadora de álbuns e cds, e aquela amiga que sempre dava um jeito de
descobrir o nome das músicas das baladas que frequentava pros amigos baixarem.
Toquei pela primeira vez como DJ em 2010 na extinta Blue Space. Ali descobri a
paixão pelas picapes. Na verdade sempre foi um desejo encubado, que veio à tona
com o primeiro contato com os instrumentos.
P&B:O que você seria se não
fosse DJ?
Maya:
Continuaria sendo servidora pública, que
é uma meta profissional e de estabilidade.
P&B: Qual maior desafio
da profissão?
Maya:
Bom, diria que a desvalorização, em
parte, da profissão. Hoje todo mundo quer ser DJ, e acredita que é só ter um
phone e fazer um ensaio bacana. E o problema é que o mercado abre portas sempre
a esses "wannabes", o que acaba por desmerecer o trabalho de quem
estuda, pesquisa e se dedica a levar um trabalho de qualidade ao seu público.
P&B: Você já sofreu preconceito
por ter escolhido ser DJ?
Maya:
Muito. A começar aqui em casa, ouvi
comentários de que estaria 'rasgando' meus diplomas e desperdiçaria todo um
histórico acadêmico brilhante. Também já me senti um pouco discriminada e ouvi
rumores que é uma profissão de gente preguiçosa e encostada.
P&B: Diga-me uma parte boa e
outra ruim nessa profissão?
Maya:
A boa é que a música é uma arte, uma
expressão do âmago de cada músico. Levar alegria para as pessoas depois de uma
semana cansativa ou que estão ali por carinho ao seu trabalho no tem preço.
Compensa as horas de pesquisa, compra, produção e edição de tracks exclusivas
em cada apresentação. A parte ruim é o cansaço. Às vezes a agenda requer dias
seguidos de gigs e apresentações longas, o que exige muito esforço físico e
poucas horas de descanso.
P&B: Muita gente acha que é só
chegar à balada e tocar, mas não sabem que há toda uma preparação, pesquisas
que leva um tempo. Como é a preparação de um set?
Maya:
Muitas pessoas acham isso mesmo. Estão
equivocadas. Gasto horas a fio em pesquisa, compra, seleção, edição e produção
de músicas. Seleciono ritmos, tendências, melodias, vertentes e, pelo
conhecimento que tenho de feeling musical, o que agrada em geral o meu público
e minhas pistas. Acontece todo um trabalho de edição e gravação das tracks em
alta qualidade. E às vezes não toco quase nada do que gravei, porque percebo
que a vibe da pista aquele dia tem outra pegada.
P&B: Você se diverte sempre?
Rola cobrança? Rola estresse?
Maya:
Me divirto muito. Gosto de passar toda a
alegria e energia que a música produz em mim e as pessoas sempre percebem isso.
Danço, canto e pulo junto com elas, todo mundo na mesma vibe. Gosto de
interagir com a galera, e não estou nem um pouco preocupada se me acharem
louca. Já tenho a fama de ser porra louca mesmo. As pessoas em geral gostam de
ter um DJ carismático e participativo.
P&B: Como é a concorrência com
os colegas de profissão?
Maya:
Não costumo tratar meus colegas de
profissão como concorrentes. Acredito que cada um tem um perfil e um valor. E
já pensou se apenas um DJ tivesse que dar conta de todas as festas possíveis?
Ninguém aguentaria, é sério. Acho que a heterogeneidade está aí pra isso.
Recomendo sempre colegas de profissão, mas confesso que não recomendo aqueles
que não têm ética e muito menos os que porventura tentam me denegrir. Não falo
mal, mas não recomendo.
P&B: Qual a sua conexão com o
público, principalmente o LGBT? Qual o sentimento de agitar e divertir a noite
de tantas pessoas?
Maya:
Muito grande, sou DJ da cena GLS e já fui
recebida em muitas casas e gigs aqui em Brasília e no Brasil. Acho que o gay
quando gosta de uma mulher artista, a trata como DIVA e me sinto querida com
meu público. Sou muito exigente com meu SET e seleção de repertório, e faço
isso sempre pensando nas carinhas felizes que vejo na minha pista, nas pessoas
que vão lá pegar na minha mão agradecendo pela apresentação e elogiando a
performance. É uma via de mão dupla. A gente recebe aquilo que dá.
P&B: Há diferenças entre tocar
numa balada hétero e outra gay?
Maya:
Bom, creio que a música é universal. Mas
em termos de tendências nas pistas, sim. A balada hetero curte um som mais grooveado,
mais light digamos assim. Já a balada GLS adora percussão, ritmos e elementos
que exploram a mistura de tendências e vertentes.
P&B: Como é sua rotina fora das
pickups?
Maya:
Corrida. De segunda a sexta, sou
servidora pública e concurseira. Sempre antenada nos certames.
P&B: Há alguma curiosidade, que
você pode nos dizer, que as pessoas não saibam?
Maya:
Sim. Sempre fui conhecida como DJ Maya
Muchacha Loca e há pouco mais de um ano retirei o Muchacha Loca do nome
artístico. Isso ocorreu porque havia sempre muitos erros de grafia, então quis
deixá-lo mais prático e profissional. Mas mesmo assim muitas pessoas me
conhecem como Muchacha Loca e posso dizer que de fato nunca saiu da
"Maya" essa personalidade latina e excêntrica.
P&B: Sobre algo que acontece
nos bastidores, sobre alguma coisa que você nunca se esquecerá de ter visto,
presenciado, vivido, etc?
Maya: Ah, presenciamos muitas coisas nos
bastidores, boas e ruins. Procuro tirar sempre o melhor proveito e lição de
tudo. Mas comentar em si seria um pouco indiscreto e poderia expor outras
pessoas, então procuro levar tudo como aprendizado.
P&B: Este ano você comemora
seus 5 anos de carreira. O que você tira de conhecimento através de toda essa
jornada? Olhando para o passado, quais são os resultados?
Maya: Tiro como lição que tudo que se faz
com amor e dedicação tem retorno positivo. Mesmo que duvidem de você, te
desmereçam ou desdenhem do que você é capaz, prove primeiramente a você o
contrário. A cada ano aprende-se muita coisa nessa profissão, seja em termos
musicais, técnicos e aspectos de postura e comportamento.
P&B: Qual seu conselho para
quem deseja ingressar nessa profissão?
Maya:
Dedique-se, escute, pesquise, aprimore e
seja simples. Respeite e aprenda com quem já está na estrada, reconheça suas
imperfeições e procure humildemente aperfeiçoá-las. Não cresça tentando tomar o
lugar de ninguém; não tente difamar outros Deejays, é feio para quem faz e todo
mundo percebe que é recalque. Não bata de frente com quem quer lhe derrubar.
Apenas sorria e mostre seu talento, carisma e, por que não, sua agenda, rs.
"Realize all things are possible, in your heart who's the greatest, reach
for the stars, be all that you are and let them all fall down."
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